O ataque ao Charlie Hebdo não foi o primeiro a uma publicação, digamos, satírico-anarquista. Em 1977, a sede da revista espanhola El Papus (em muito parecida com o semanário francês) foi palco de um atentado a bomba quando ocorria a reunião de pauta (outra semelhança). O zelador do prédio morreu e outras 17 pessoas ficaram feridas.
Não houve condenados pelo crime, atribuído a um grupo de extrema-direita que já havia feito ameaças a jornalistas da publicação – lembremos que a Espanha recém havia saído dos sombrios 40 anos de ditadura sob as mãos de ferro de Franco. Um cenário onde a intolerância grassava.
O documentário “El Papus, anatomia de um atentado“, revisita esse clima de terror, tenta explicar o porquê da impunidade e, especialmente, reverencia a irreverência da publicação, capitaneada pelo trabalho de talentosos cartunistas (como o jornal francês). A El Papus acabaria fechando as portas em 1986.
“Como não sabiam desenhar, tinham de usar uma arma. Dizem que a caneta tem mais poder que a arma. Claro que não, a arma é mais poderosa”, diz um entrevistado a certa altura.
Profético.
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